Governo federal usou menos de 5% do orçamento para combater a fome em 2022

O governo federal gastou R$ 4.060 trilhões em 2022 e menos de 5% foi para o combate a fome, que atinge, pelo menos, 33 milhões de pessoas no Brasil, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o número de pessoas que não têm dinheiro para comprar comida é ainda maior: quase 75 milhões de pessoas passam fome.

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Nesse contexto, o governo federal destinou apenas 3,3% dos impostos arrecadados em 2022 para o pagamento de benefícios sociais, como Bolsa Família, Auxílio Emergencial, BPC, seguro defeso, entre outros. De acordo com o Portal da Transparência da União, apenas R$ 126,31 bilhões dos R$ 4.060 trilhões foram usados com estes subsídios.

Desequilíbrio

Por outro lado, o governo federal repassou 46,31% do orçamento, equivalente a R$ 1.879 trilhão, para pagamento de juros e amortização da dívida pública, conforme levantamento do site auditoriacidada.org.br. E mesmo com esse vultuoso pagamento, a dívida pública total acumulada pelo Brasil ainda aumentou em quase R$ 500 bilhões, pois passou de R$ 7,643 trilhões, em 2021, para R$ 8,107 trilhões, em 2022.

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De acordo com fundadora da Auditoria Cidadã da Dívida, Maria Lucia Fattorelli, que é auditora-fiscal aposentada da Receita Federal, a dívida cresceu mesmo com o pagamento de quase R$ 2 trilhões por causa da taxa de juros praticada pelo Banco Central.

“Por que a dívida explodiu desse jeito? Principalmente por causa da política monetária suicida do Banco Central, que explodiu a taxa Selic, ano passado. A Selic subiu várias vezes e, em agosto, ela atingiu 13,75%, e está nesse patamar até hoje, sem justificativa técnica ou econômica que se sustente. É simplesmente uma correia de transmissão de recurso público para, principalmente, o setor financeiro e grandes rentistas, que ganham com o juro mais elevado do mundo, que o Banco Central paga”, disse Maria Lucia Fattorelli.

Para se ter uma ideia do peso da dívida pública brasileira para o cidadão, basta observar que ela consome mais do que o dobro do orçamento da previdência social. Os gastos com beneficiários do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) correspondem a 20,7% do orçamento, frente aos mais de 46% dos juros e amortizações, pagos ano após ano sem que sequer sejam auditados.

Bruno Elander – Rádio Rio Mar

Foto: Elineudo Meira/Fotos Públicas