Os linchamentos se tornaram comuns em Manaus, virou rotina a população revoltada agredir os suspeitos de cometer um crime, a Universidade Federal do Amazonas percebeu esse fenômeno e realizou um estudo que identificou uma alta nos casos, em 10 anos, esses registros de lixamento aumentaram 1.460%.
O responsável pela coordenação científica do estudo, Fábio Candotti, explicou que os casos registrados em Manaus foram comparados com outras duas metrópoles, Grande São Luís no Maranhão, e grande Vitória no Espírito Santo, as três tem o número de habitantes muito parecido, a capital do Amazonas liderou o ranking das agressões, só em 2020 a média foi um lixamento a cada três dias.
”A pesquisa ela cobre um período de 10 anos , de 2011 a 2020, nesse período a gente sai de um número muito pequeno de lixamentos, passa mais ou menos a 20 linchamentos no meio da década e dá um salto a partir de 2017 da casa dos 60 70 linchamentos ao ano, em relação aos outros locais estudados, Grande Vitória e a Grande São Luís, Manaus tem uma taxa de população muito mais elevada, então Manaus hoje tem uma continua proporção de população de lixamento que é bastante assustadora”, disse Fábio.
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As acusações de crimes contra o patrimônio como roubo e furto, são a principal causa dos linchamentos representando 70% dos casos registrados, quanto ao perfil dos linchados quase todos são homens negros, pardos ou indígenas, com idade entre 18 e 29 anos, o que todos esses dados indicam, vai além das meras estatísticas, eles demonstram que a sociedade está mais agressiva e vendo como algo natural o que não deveria acontecer, violência cotidiana.
”Para entender porque que a gente teve um crescimento tão expressivo tão terrível de linchamento nos últimos anos, nós vamos precisar de mais estudos, essa é uma pergunta que pesquisadores, que a Secretaria de Segurança Pública precisa se fazer,” disse o pesquisador.
Para o especialista em segurança pública Walter Cruz, o sentimento de impunidade pode ser explicado pelo tempo que a justiça leva até a solucionar um caso.
”Isso é um fenômeno que nós temos que analisar, quem tem que analisar. o estado através da sua parte social, através da sua parte da polícia, a justiça através do setor competente dentro do órgão do Poder Judiciário, Ministério Público, e que daí se trace realmente um plano para que se diminua esse tipo de fenômeno”, destacou Walter.
Em meio ao aumento de casos de linchamento na capital amazonense nos últimos anos, os especialistas alertam, agredir outra pessoa sendo ela culpada ou inocente, também é um crime.