Nos quatro primeiros meses de 2022 foram registrados 205 focos de queimadas no estado. No mesmo período do ano passado, o total de focos registrados foi de 105. Os dados são do Instituto Nacional De Pesquisas Espaciais (Inpe) e representam um aumento de 95%.
Com esse resultado, o Amazonas é o segundo estado do país que mais teve incêndios florestais no período, atrás apenas do Pará. Segundo ambientalistas, o salto no total de queimadas está relacionado à fragilidade dos órgãos de fiscalização.
O coordenador da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil, André Freitas disse que a flexibilização nas leis ambientais podem ser algumas das causas desse problema.
“A impunidade tem levado a esse aumento que a gente vê hoje. Os órgãos de fiscalização estão muito fragilizados, sendo comandados muitas vezes por pessoas que não têm experiência na área. A gente vê uma precariedade muito grande, e basicamente tem sido motivado todo esse movimento pela permissibilidade do governo e por todos os sinais que ele tem dado a parte de Brasília e também de sua base”, contou.
Em 2019, uma medida assinada pelo presidente da República, Jair Bolsonoaro estabeleceu novas regras para exploração da grilagem de terras. Com as mudanças, ficou mais fácil, por exemplo, obter o título de propriedade de terras, mesmo sem regulamentação em áreas de até cerca de 1.400 hectares em alguns municípios da Amazônia.
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Com isso, os novos proprietários poderiam então produzir mais, o que significa, segundo o especialista, mais floresta a ser derrubada e menos burocracia para fazer queimadas.
“Os projetos, sobretudo três projetos, um que trata da flexibilização do código do licenciamento ambiental, o segundo que é a abertura das terras indígenas para mineração, e o terceiro que a gente tem chamada de pele da grilagem que é anistiar os desmatadores. Juntando todo esse conjunto a gente consegue entender porque esses números ainda continuam crescendo e com tendência de crescerem ainda mais”, analisou.
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Os incêndios florestais prejudicam não só o ambiente, mas também podem fazer mal à população, inclusive com danos respiratórios. Para reduzir esses crimes, segundo a análise do especialista, é preciso que haja políticas ambientais de controle mais severas, além da união dos órgãos de controle.
O que diz o Governo?
Em nota, o governo do Amazonas informou que tem trabalhado, de forma prioritária, na otimização das estratégias para fortalecer as ações de combate ao desmatamento e às queimadas ilegais, em especial, por meio da operação integrada Tamoiotatá 2.
E informou, ainda, que ao todo, nove instituições do estado atuam na força-tarefa, que teve início no dia 7 de março, com foco de atuação nos municípios ao sul do estado, considerados os mais afetados pelas queimadas.
Rebeca Beatriz – Rádio Rio Mar