De acordo com o painel de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento duplicou no Amazonas no primeiro quadrimestre deste ano. O sistema Deter emitiu 1.354 alertas entre janeiro e abril. A área degradada, segundo o monitoramento, passa dos 537 quilômetros quadrados em quatro meses.
No mesmo período do ano passado foram 571 alertas do Inpe para uma área de 267 quilômetros quadrados. Assim, houve aumento de 137,2% na quantidade de avisos emitidos e crescimento de 101,1% no tamanho da área desmatada.
Em conversão simples, 537 quilômetros quadrados equivalem a 75.210 mil campos de futebol. Da mesma forma, 37,4 mil campos de futebol representam 267 quilômetros quadrados.
Em relação às queimadas, a quantidade de avisos de focos de calor em território amazonense saltou 95,2% nos primeiros quatro meses de 2022 em comparação com o primeiro quadrimestre de 2022. No ano passado foram 105 e, neste ano, 205.
O que diz o Governo do Amazonas
O Governo do Amazonas informa que tem trabalhado, de forma prioritária, na otimização das estratégias para fortalecer as ações de combate ao desmatamento e às queimadas ilegais, em especial, por meio da Operação Integrada Tamoiotatá 2.
A força-tarefa teve início no dia 7 de março, com foco de atuação nos municípios ao sul do estado, considerados mais vulneráveis. Estão em campo equipes do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Amazonas (BPAmb/PMAM), do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e da Defesa Civil.
Também integram a operação servidores da Polícia Civil do Amazonas, por meio da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema); e das Secretarias Executiva-Adjunta de Planejamento e Gestão Integrada (Seagi), de Operações (Seaop) e de Inteligência (Seai), vinculadas à SSP-AM.
O total de alertas de desmatamento emitidos, de janeiro a abril deste ano, 82,21% (443,62 km²) ocorreram dentro de áreas de gestão federal, entre glebas federais (254,18 km² – 47,11%), assentamentos (183,26 km² – 33,96%), unidades de conservação federal (5,77 km² – 1,07%) e terras indígenas (0,40 km² – 0,07%).
Nas áreas de gestão Estadual, o percentual soma 3,34%, sendo 12,60 km² (2,34%) emitidos em glebas estaduais e 5,41km² (1%) emitidos em Unidades de Conservação do Estado.
Diante deste cenário, no último 6 de abril, o secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira, esteve reunido com o ministro do Meio Ambiente (MMA), Joaquim Leite, ocasião em que solicitou apoio para aumentar o efetivo e a presença dos órgãos federais no Sul do Amazonas. Na oportunidade, o Governo Federal se comprometeu a alinhar as ações da Operação Guardiões do Bioma junto às da Tamoiotatá 2. O Estado está em contato com Ibama, ICMBio e Ministério da Justiça para integrar as ações de combate.
Diante os novos dados, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) está reunida, de forma emergencial, junto ao Ipaam – órgão ambiental responsável pelas fiscalizações -, para análise da situação.
Medidas de médio e longo prazo
Além das ações de comando e controle, o Governo do Amazonas tem buscado integrar os eixos de bioeconomia e ordenamento territorial e ambiental como estratégias de médio e longo prazo para conter o avanço do desmatamento ilegal.
Por meio do Programa Amazonas Mais Verde, o Estado tem investido mais de R$ 56 milhões no incentivo a atividades sustentáveis, implantação de consórcios agroflorestais, ampliação da Assistência Técnica e Extensão Rural a agricultores familiares e produtores rurais, revitalização de áreas degradadas, além do aperfeiçoamento do sistema de monitoramento estadual, com a inauguração do novo Centro de Monitoramento Ambiental e Áreas Protegidas do Amazonas.
O Estado também investiu, neste ano, R$ 20 milhões para implementação do Programa Guardiões da Floresta, o novo sistema de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), em acordo com Associação de Unidades de Conservação Estaduais, para fortalecer a conservação e desenvolver a economia nas áreas protegidas do Estado.
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
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