No Brasil foram estimados 66.280 novos casos em 2021, um risco de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. A doença atinge pessoas de diferentes classes sociais, que dependem do SUS ou possuem plano de saúde.
A dona de casa, Maria Irenice de Jesus, percebeu através do toque que havia uma alteração em uma das mamas e ao procurar ajuda médica no SUS descobriu a doença. De fevereiro de 2013 até a alta médica foram muitas idas e vindas ao hospital para cirurgias, sessões de quimioterapia e radioterapia. Ela relata que este caminho difícil ficou pior pelos diversos problemas relacionados a estrutura e equipamentos.
Um estudo feito com base em dados dos Registros Hospitalares de Câncer do Brasil disponibilizados pelo Ministério da Saúde e consolidados pelo Instituto Nacional do Câncer, o Inca, revela as desigualdades encontradas pelas mulheres no acesso ao tratamento do câncer de mama, tanto em hospitais públicos quanto privados. De acordo com o epidemiologista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer, foram analisadas variáveis relativas ao diagnóstico, estágio da doença, tempo decorrido entre o diagnósticos e o tratamento, além da escolaridade das pacientes.
A funcionária pública, Helena Viana, descobriu o câncer de mama em 2018 e metástase em 2020. Usuária de um plano de saúde, já chegou a realizar a radiocirurgia, algo que ainda não é realizado pelo SUS no Amazonas. Ela faz exames a cada três meses e destaca que esse fator faz a diferença, já que o tempo costuma ser o inimigo de muitos pacientes.
De acordo com o estudo, as pacientes do SUS chegam ao tratamento em estágios mais avançados do que as pacientes do setor privado. A diferença é tamanha que somente 19% das mulheres em tratamento no SUS chegaram em estágios 0 ou 1, contra 31% das provenientes da rede particular de saúde. Com relação a escolaridade, entre as pacientes do SUS, 51% não possuem o ensino fundamental completo contra 29% das pacientes que recebem tratamento por planos de saúde.
Tania Freitas – Rádio Mar
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