Um estudo inédito realizado pelo setor técnico científico da Polícia Federal (PF) no Amazonas identificou concentração de mercúrio no Rio Madeira até 95 vezes acima do limite aceitável. Em coletas de material genético de ribeirinhos, foram encontradas em sete pessoas concentrações 300% maiores do que os níveis considerados admissíveis pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Conforme o laudo assinado pelo perito criminal federal Ricardo Lívio Santos, 85% dos materiais analisados, entre vegetação, sedimentos, água e amostras humanas, apresentaram indícios de contaminação por mercúrio.
As amostras de água e sedimento demonstram fortes indicadores de contaminação ambiental e confirmam o lançamento dos contaminantes a partir das balsas, lançados na superfície no processo de explotação do ouro e principalmente no rejeito da atividade.
As folhas analisadas indicam que pode haver contaminação da vegetação às margens do rio Madeira, podendo alcançar, inclusive, pequenas lavouras.
De acordo com o relatório, amostras de cabelo de ribeirinhos indicam que eles estão consumindo água ou alimentos contaminados e concentrando o metal pesado nos tecidos corporais
A conclusão técnica da Polícia Federal é de que os valores de mercúrio estão muito acima dos limites legais. E que isso, aliado a quantidade de balsas trabalhando, o tempo de exposição e demais fatores relacionados à atividade garimpeira, criam um potencial de contaminação extremamente elevado.
A PF identificou que as balsas são a principal fonte poluidora primária e o mercúrio utilizado para o garimpo é oriundo de países como a Espanha e o México.
O laudo da PF foi divulgado junto com o resultado da Operação Uiara II, deflagrada nesta quarta-feira (15), no Rio Madeira, entre Borba e Autazes, para identificação, abordagem e destruição de balsas e dragas que operam a atividade de garimpo ilegal. Atualmente, toda e qualquer atividade de lavra de ouro no Rio Madeira é ilegal, conforme a legislação vigente.
Bruno Elander – Rádio Rio Mar
Foto: Bruno-Kelly-Greenpeace