O morador Djalma Freitas é membro da associação de moradores da Comunidade Parque dos Barões, no Km 6 da Manoel Urbano. Ele foi informado na igreja sobre a instalação de um aterro sanitário no km 19 da AM-070, nas proximidades do Ramal do Paricatuba.
“Eu fiquei assustado com isso e vamos mobilizar as pessoas para ficarem também cientes do que vai ser feito, que é uma coisa muito prejudicial para nós e nossa saúde, envolvendo água, animais, aviões que passam ali perto. Estamos juntos em um só pensamento para acabar com esse lixão. Vamos fazer tudo o que der, o que for possível”, disse.
Maria Gorete é a moradora mais próxima do aterro. A casa dela fica atrás do terreno cogitado pela empresa responsável pelo empreendimento. Há 20 anos, ela tinha a intenção de que o local fosse um lugar de aconchego para esse momento tão esperado da aposentadoria. Maria já recebeu algumas visitas de assistentes sociais que tentaram convencê-la de que o aterro não irá poluir o solo, o ar e os igarapés.
“Eu falei para elas que isso só é bonito no papel, mas na realidade a gente sabe que isso não vai acontecer, vai estragar tudo. Eu falei que há 20 anos luto para construir aqui, comprei esse terreno para gozar da minha velhice com meu esposo e minha família e agora vocês querem destuir tudo. É uma angústia saber, ter que conviver com aquilo. Tem pessoas que só têm aquele terreno”, diz.
Para ela, o cenário deve se transformar. “A gente está muito angustiado, muito triste, porque a gente jamais imaginaria uma coisa dessas. A gente acorda com canto dos pássaros, os passarinhos na janela com aquele verde e tudo isso a gente vai perder, vai se transformar, vai ser um mau cheiro. Outra coisa, lá é rota de aviões, a gente acorda com aviões passando e vai encher de urubus, isso é risco”, relata.
Ouça os relatos na reportagem:
A Adua (Associação dos Docentes da UFAM) se uniu à causa social. O segundo vice-presidente da Associação, professor José Alcimar, chama a atenção para que todas as etapas que antecedem a instalação do aterro sejam cumpridas, entre elas a realização da Audiência Pública, uma das principais fases.
“A audiência pública, que é um grande instrumento da cidadania, é uma conquista, infelizmente essas audiências, como têm ocorrido, não respeitam essas exigências, os passos. Muitas vezes o que ocorre, na verdade, é uma ilusão da participação. Como se pode aceitar uma audiência pública sem a participação da comunidade que vai ser impactada por esse empreendimento, que não é um empreendimento pequeno, é um empreendimento de grande porte”, afirma o professor Alcimar.
Para o professor, o impacto do aterro abrange toda a região metropolitana de Manaus, que deveria ser consultada.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar