Por Luis Miguel Modino*
A religião, a ligação entre o ser humano e a divindade, tem estado presente na vida da humanidade desde seus primórdios. De diferentes modos tem se manifestado uma relação que o ser humano expressa de diversas formas, mas também movido por interesses dispares, que nem sempre respondem a um sentimento unicamente religioso, que inclusive não tem nenhum sentimento religioso.
Muitas vezes nos deparamos com aqueles que pretendem se aproveitar da religião, para melhor dizer, de uma falsa religião, visando alcançar benefícios pessoais. Não são poucos aqueles que ao longo da história tentaram, alguns deles conseguiram, sustentar seu poder tendo como base uma aparência religiosa, uma atitude que ainda hoje se faz presente.
Nos dias de hoje, em que tudo o que acontece pode ser conhecido no mesmo instante, essa atitude de se aproveitar da religião e do sentimento religioso dos outros para conseguir benefícios pessoais se tornou algo presente. Muitas vezes se trata de lobos em pele de cordeiro, que tentam mostrar aquilo que de fato não faz parte da sua vida, se aproveitando de sentimentos religiosos daqueles que vivendo uma verdadeira religião, pensam que todos têm as mesmas atitudes.
De nada adianta participar de uma celebração religiosa, se colocar diante de uma imagem, inclusive falar de Deus, se a pessoa não assume o modo de vida de quem quer caminhar com Deus. Uma verdadeira religião nos liga com Deus, mas também com aqueles em que Ele se faz presente. Virar as costas para os outros, sobretudo para os pequenos, para os vulneráveis, nos afasta de qualquer sentimento religioso.
A religião cristã entende que Deus é alguém que se faz próximo da humanidade, e para estarmos próximos dele, não podemos virar as costas, nem ignorar o sofrimento dos pequenos. Ser cristão nos leva a um compromisso pessoal que supera o mundo das ideias, nos tornando assim presença de um Deus que não comunicamos só com as palavras e sim com as atitudes e nosso jeito de nos relacionarmos com aqueles que a sociedade descarta.
Como ajudar as pessoas a descobrir aqueles que querem se aproveitar da religião em beneficio próprio? Como aprender a distinguir os sepulcros caiados que encerram morte e podridão dentro de si? Como construir hoje, no tempo atual, a verdadeira religião que vai além das aparências? Como desmascarar aqueles que continuam se aproveitando do sentimento religioso para construir seus planos que em nada condizem com aquilo que Deus quer?
São perguntas que precisam de respostas, sobretudo da parte daqueles que dizem ter sentimentos religiosos, daqueles que entendem a ligação com Deus como modo de fazer realidade um mundo melhor para todos e todas, além de interesses pessoais que manifestam egoísmo, um sentimento que nos afasta de qualquer ligação com a divindade.
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*Missionário espanhol e Assessor de Comunicação do Regional Norte 1 da CNBB