Surto de rabdomiólise começou no Amazonas e já está em outros três Estados

Síndrome de Haff, doença da urina preta ou rabdomiólise são nomes diferentes para a mesma doença que causa um surto no Amazonas.  Quando a pessoa adoece, a toxina é capaz de levar o músculo à necrose com a ruptura das células musculares, por isso a urina fica escura. Foi o que aconteceu com o barbeiro Paulo Afonso Pereira no início de setembro, na cidade de Itacoatiara, no Amazonas.

“Começou aquela dor nas costas, uma grande dor nas costas. No caminho da UPA começaram a travar os músculos. O tratamento foi à base de soro e água. E também a urina ficou escura, da cor de garapa”, contou.

Todos os sintomas apareceram depois que ele comeu um peixe da espécie tambaqui. Foi um presente de um amigo que tinha acabado de tirar o pescado do rio.

“O tambaqui estava vivinho, eu trouxe para casa, tratei ele, botei no freezer três dias. Depois eu e meu genro comemos o tambaqui cozido. Eu senti, logo que levantei de manhã, senti enjoo no estômago. Deitei e dormi, quando acordei, ainda com enjoo, fui escovar os dentes e deu ânsia de vômito”, relata.

O médico infectologista Dr Antônio Magela da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas foi enviado à Itacoatiara para investigar os pacientes e conta, com detalhes o que é e o que já se sabe sobre a doença que atinge 66 amazonenses e já causou uma morte. Ouça a reportagem:

Histórico

O primeiro registro de 2021 foi em agosto, em Itacoatiara, que tem o maior número de casos e onde uma mulher morreu por causa da doença. Outras oito cidades também tiveram notificações. São 66 suspeitas até agora, sendo que 54 continuam em investigação e 12 foram descartadas.

Não é a primeira vez que o Amazonas registra surto de rabdomiólise. Em 2008 e 2015 a doença manifestou-se também com a associação à ingestão de peixe e também com registros em Itacoatiara. Mesmo assim, até hoje, ninguém tem confirmação sobre o que causou a Síndrome de Haff. Pesquisadores foram enviados à Itacoatiara para colher amostras da água, dos peixes e frutos para investigar as causas.

Como o peixe é um alimento muito consumido no Amazonas, casos com algumas características de rabdomiólise são registrados como suspeitos. Depois de agir no organismo, a toxina desaparece sem deixar rastros.

Depois do surto no Amazonas, a rabdomiólise chegou à outras regiões do país, como o Pará, Bahia e Ceará.

Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar