O dia 5 de setembro de 1850 é a data em que o Amazonas ganhou autonomia e foi elevada à categoria de Província. Até então, a chamada Capitania do Rio Negro era subordinada ao Grão-Pará. O historiador Otoni Mesquita nos ajuda a contar um pouco dessa história. Confira a reportagem em áudio ou acompanhe a seguir:
A autonomia já era um desejo da população e de políticos décadas antes da Elevação. O Pará alegava que o Amazonas não tinha condição de sobrevivência com a economia fraca, mas Belém exportava tudo que era produzido aqui. Foi então que Dom Romoaldo Seixas, deputado provincial do Pará criou o projeto para separar as duas regiões.
“Antes do meio do século XIX, algumas organizações locais reivindicavam essa autonomia para escapar do controle do Grão Pará, porque todos os benefícios da região se concentravam em Belém. Nós ficávamos sempre para segundo, terceiro plano”, conta.
Tenreiro Aranha
O documento é de 5 de setembro, mas a instalação na prática só aconteceu dois anos depois, com a participação de uma das personalidades mais relevantes para esse período: João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, primeiro presidente da Província do Amazonas.
“Esse nosso primeiro Presidente vai fazer as primeiras reivindicações, que, a princípio, são materiais, desde a construção da igreja, que havia queimado naquele ano de 1850 e também palácios. Naquele ano tinha Matriz.”
Autonomia econômica
Mas a autonomia ainda era simbólica. A Independência mesmo só vai acontecer com a Proclamação da República em 1889, época do monopólio da exploração da borracha. “Foi isso que, de certa forma, nos deu um novo status”, conta.
O desenvolvimento e independência da Província do Amazonas começam com uma mistura do desejo de ampliar a cultura, com a construção de teatros e escolas e de se desenvolver economicamente. Foi nesse momento de independência que o Governador Lobo D’Almada, começou a movimentar a economia a trazer indústrias para Manaus.
A ‘Província’ de 2021
O Amazonas já é Estado há 171 anos e, territorialmente, é o maior do país. Otoni Mesquita reflete que, mesmo com a autonomia, alguns costumes ainda são provincianos.
“Eu sinto que há um desprezo das elites pela questão cultural. Eles não têm uma atenção, visão sensível e crítica e não temos uma educação que dê à essas pessoas essas noções, então a gente continua reproduzindo um modelo precário para se dar bem”, diz.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar