Você gostaria de comprar uma casa, com financiamento próprio, sem precisar comprovar renda, entrada a partir de R$ 5 mil e parcelas de R$ 500? Pelo menos 300 pessoas que tinham o sonho da casa própria acreditaram em uma proposta como essa, mas caíram no golpe da Cooperativa Habitacional ‘Nosso Lar’. Os criminosos agiam em Manaus e Manacapuru. A professora Josenilda Moreira investiu todo o dinheiro para comprar um imóvel no bairro Coroado e o prejuízo foi de R$ 56 mil.
“A casa custava quase R$ 200 mil. Eu dei R$ 25 mil de entrada e pagava uma prestação de 1384 e antes de eu comprar, investiguei procurei e não tinha nada errado com a empresa. Eles tinham um prédio no Coroado, tudo bem estruturado, com corretores vendendo. Então não tem como a pessoa acreditar que está sendo lesado”, diz.
Três pessoas foram presas preventivamente nessa sexta-feira (20) durante a operação “Nosso Lar” do Ministério Público e Polícia Civil. Luiz Ramon de Souza, um dos chefes do esquema, a esposa Rose Anne de Oliveira Souza e a funcionária Franciane Gomes da Silva vendiam imóveis que não existem e mantinham uma vida de luxo com o dinheiro das vítimas. O golpe é aplicado desde 2019, como explica o delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia.
“Eles criam essa cooperativa apenas no papel, dizem que tem o terreno para vender, mostram o suposto terreno em alguma planta e as pessoas acreditam que aquele terreno existe. E aí eles fazem a venda induzindo a pessoa ao erro, mas na verdade não tem terreno nenhum”, diz o delegado.
Vítimas relataram os prejuízos durante live da Rio Mar
O prejuízo para as vítimas pode chegar a R$ 5 milhões. Documentos e 4 veículos de luxo foram apreendidos durante cumprimento de mandados de busca. O promotor de justiça do Ministério Público Armando Gurgel conta que os materiais apreendidos vão ser usados para ressarcir o prejuízo das vítimas, mas é preciso acionar a justiça com um advogado. “É preciso que as vítimas comprovem judicialmente que tenham sofrido esse prejuízo, tenham feito pagamentos para buscar esse ressarcimento”.
Os presos vão responder por estelionato, crime contra relação de consumo, contra a economia popular, afirmação falsa ou enganosa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Para quem tem dificuldade de identificar um golpe, a dica é desconfiar sempre.
Os detidos nesta sexta negaram a prática dos crimes. As denúncias podem ser feitas nas delegacias de polícia e no Ministério Púbico do Amazonas.
Ana Maria Reis / Rádio Rio Mar