Editorial: Nossa missão é estar sempre próximos

Editorial por Luis Miguel Modino*

No próximo domingo, 18 de outubro, a Igreja católica celebra o Domingo Mundial das Missões. A vida de todo batizado é missão, por isso somos desafiados a descobrir qual é a nossa missão. Falar de missão deve nos levar a nos questionarmos sobre a necessidade de fazer presente na vida das pessoas a mensagem do Evangelho.

Tradicionalmente, a missão foi vista como algo próprio, quase exclusivo, dos padres e da vida religiosa, mas devemos entender e assumir que a missão é algo que deve ser assumido por todo batizado. O Papa Francisco, desde o início do seu pontificado, nos chama a ser uma Igreja em saída, que vai ao encontro do povo, que escuta, que se faz presente nas periferias geográficas e existenciais.

Em Manaus, as periferias aumentam a cada dia, o povo do interior se desloca constantemente para a cidade, onde muitas vezes, o povo é obrigado a viver em condições muito precárias. Querida Amazônia faz um chamado e coloca “um desafio as nossas comunidades urbanas, que deveriam cultivar com inteligência e generosidade, especialmente nas periferias, várias formas de proximidade e recepção às famílias e jovens que chegam ao território”.

Na Fratelli Tutti, a última encíclica do Papa Francisco, ele nos diz que a Igreja “não pode nem deve ficar à margem na construção de um mundo melhor nem deixar de ‘despertar as forças espirituais’ que possam fecundar toda a vida social”. A missão da Igreja e dos batizados não pode ficar dentro dos muros do templo e não pode se limitar a grupos fechados, deve estar aberta a todos os homens e mulheres que fazem parte da nossa sociedade.

Num mundo onde o contato e o encontro físico entre as pessoas estão cada vez menos presentes, uma realidade que tem aumentado com a pandemia da Covid-19, somos chamados a procurar formas de proximidade, especialmente no mundo urbano. As pressas fazem com que a gente diga que não tem mais tempo de se encontrar com os outros, mesmo que na verdade essa falta de tempo é uma forma de disfarçar a falta de vontade de ir ao encontro dos outros.

Escutar, acompanhar a vida de quem está sozinho, de quem é colocado do lado de fora da sociedade, de quem é descartado porque não aporta o que a sociedade espera, se torna uma missão urgente. O que eu, você que está lendo esse texto, estamos dispostos fazer para sermos mais próximos das pessoas? Quais os passos que estamos dispostos dar para estarmos ao lado daquele que precisa da gente?

Muitas vezes a gente se desentende do outro, fazemos de conta que os outros não existem. Num mundo hiperconectado, onde temos a capacidade de nos encontrarmos virtualmente, de forma imediata, com quem está do outro lado do planeta, cada vez mais, temos maior dificuldade para enxergar aquele que está na nossa frente, especialmente quando se trata de alguém a quem não nos une um interesse. O desafio está aí, sobretudo para quem vive num aglomerado de ruas, becos, pessoas, em que se tornaram hoje as nossas cidades, nossa missão é estar sempre próximos.

Ouça: 

*Missionário espanhol e membro da equipe de comunicação da REPAM – Rede eclesial Pan Amazônica.