Editorial, por Luis Miguel Modino*
Comunicar-se com os outros só é possível quando a gente é compreendido, ainda mais numa sociedade em que poucas vezes o que o outro diz interessa, em que ninguém faz grandes esforços para compreender aquilo que outro quer comunicar. Isso demanda um esforço por aprimorar nossa comunicação e fazer mais compreensível aquilo que estamos transmitindo.
O outro dia escutei alguém dizer que “não basta pregar, precisamos ser compreendidos”. Ele questionava como evangelizamos, as linguagens, os modos, ainda mais na sociedade atual, midiatizada pela cultura digital. Foi uma frase que está dando voltas na minha cabeça e que me leva a refletir sobre os passos que devo dar, mas também sobre os passos que devem ser dados na Igreja.
No mundo virtual, o controle do outro não existe, ninguém pode ser amarrado, ninguém fica preso. Isso faz com que as pessoas tenham que ser cativadas de um outro modo. A atenção das pessoas nunca poderá ser forçada, se faz necessário encontrar o modo de captar a atenção do outro. Daí a necessidade de melhorar nossa comunicação para que os outros sintam interesse por aquilo que estamos oferecendo.
Até que ponto nos preocupamos com nosso modo de comunicar? Sentimos a necessidade de aprimorar nossos processos comunicativos em vista de ser compreendidos por nossos interlocutores? Ser compreendidos se torna uma necessidade ou continuamos pensando que quando o outro não nos entende é culpa dele e nada tem a ver com nosso jeito de fazer as coisas?
Diante desses questionamentos somos desafiados a pensar em modos de evangelizar que levem os outros a nos compreender. Devemos pensar nas novas gerações, nos nativos digitais, com um modo de entender a realidade diferente daquele que tem as gerações adultas. Nada diferente daquilo que a Igreja católica fez desde seu nascimento, buscando inculturar uma mensagem que tem percorrido a história da humanidade nos últimos dois mil anos.
Para sermos compreendidos nada melhor que usar uma linguagem ao alcance de todos. Um exemplo disso o encontramos no próprio Jesus, entendido por aqueles que caminhavam com Ele, e que usava em sua pregação exemplos que faziam parte da vida do povo. O desafio é falar do Deus que é Mistério na simplicidade de uma linguagem por todos entendida. Será que a gente quer? Será que a gente consegue?
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Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB