O Papa Francisco lançou uma mensagem em rede social com pedido de desenvolvimento ético da inteligência artificial e proibição das armas letais autônomas. As palavras são destinadas aos mais de 150 representantes religiosos de 13 nações e 11 religiões diferentes, que se reuniram em Hiroshima, no Japão, entre terça-feira e quarta-feira desta semana.
O grupo assinou o ‘Apelo de Roma por uma Ética da IA’, iniciativa elogiada pelo Papa. O pontífice afirmou que “somente juntos podemos construir a paz, graças também a tecnologias ao serviço da humanidade e no respeito de nossa casa comum”.
O apelo foi lançado, inicialmente pela Pontifícia Academia para a Vida, em fevereiro de 2020, juntamente com a Microsoft, a IBM, a FAO e o governo italiano. O documento visa fomentar uma abordagem ética da IA e promover, entre as organizações, governos e instituições, o compartilhamento de responsabilidades, a fim de moldar um futuro em que a inovação digital e o progresso tecnológico estejam a serviço da genialidade e da criatividade humanas, com prioridade e respeito à dignidade de cada indivíduo, bem como a do planeta.
Em discurso no painel sobre IA no encontro de líderes políticos do G7, na cúpula de 14 de junho, em Borgo Egnazia, na Itália, o Papa Francisco alertou sobre a importância estratégica de uma escolha que pode afetar a vida de muitas pessoas: “a máquina faz uma escolha técnica”, enquanto que “o ser humano, pelo contrário, não só escolhe como, no seu coração, é capaz de decidir”. Assim, “devemos ter bem claro que a decisão deve ser sempre deixada ao ser humano, mesmo sob os tons dramáticos e urgentes com que, às vezes, se apresenta na nossa vida”.
O Papa Francisco afirma que “condenaríamos a humanidade a um futuro sem esperança se retirássemos das pessoas a capacidade de decidir sobre si mesmas e sobre as suas vidas, obrigando-as a depender das escolhas das máquinas”.
Francisco diz que precisamos “garantir e proteger um espaço de controle significativo do ser humano sobre o processo de escolha dos programas de inteligência artificial”, pois “está em jogo a própria dignidade humana”.
Conforme o Papa, o encontro sobre AI e Paz foi simbólico por ser realizado em Hiroshima, já que foi uma das duas cidades atingidas por bombas atômicas no final da II Guerra Mundial, em 1945, num momento histórico de uso de armas nucleares durante uma guerra e contra alvos civis. E, já que “em meio aos atuais conflitos que abalam o mundo” se ouve falar dessa tecnologia, o evento é de “extraordinária importância”.
Por fim, o Papa Francisco elogiou a iniciativa e pediu aos religiosos que “mostrem ao mundo que, unidos, exigimos um compromisso proativo para proteger a dignidade humana nesta nova temporada de uso das máquinas”.
A proibição das armas letais autônomas
Ao finalizar a mensagem, Francisco pediu compromisso aos líderes mundiais para uma “gestão sábia da inovação tecnológica, para que cada um de nós possa se tornar instrumento de paz para o mundo”.
“É fundamental que, unidos como irmãos, possamos lembrar ao mundo que: num drama como o dos conflitos armados, é urgente repensar o desenvolvimento e o uso de dispositivos como as chamadas ‘armas autônomas letais’, a fim de banir a utilização, começando desde já pelo compromisso efetivo e concreto de introduzir um controle humano cada vez mais significativo. Nenhuma máquina, em caso algum, deveria ter a possibilidade de optar por tirar a vida a um ser humano”.
Fonte: Vatican News