Editorial por Luis Miguel Modino*
Sempre é bom olhar para trás, mas nunca devemos deixar de olhar para frente. No final do ano, é bom olhar o que a gente tem vivido ao longo de 2023, mas não podemos deixar de pensar movidos pela esperança naquilo que está por vir em 2024.
Um ano que iniciou com um novo governo, em clima de divisão e polarização, uma dinâmica que parece ir minguando, mas que está longe de desaparecer. Diante disso somos chamados a refletir, a nos perguntarmos o que a gente faz para combater esse enfrentamento cada vez mais presente na sociedade e que nos afasta daqueles que deveriam ser vistos de forma diferente.
Na Amazônia, a seca, a maior em mais de cem anos, marcou significativamente a vida do povo e nos mostra a necessidade de uma urgente conversão ecológica. O cuidado da casa comum é algo que não pode ser adiado, pois a falta de cuidado está tendo consequências cada vez mais graves, especialmente para os mais pobres, que sofrem diante das mudanças climáticas. Uma realidade onde não pode ser negada a influência do ser humano.
Na Igreja católica um tempo marcado pela sinodalidade, pelo desejo do Papa Francisco de nos mostrar que caminhar juntos é a melhor escolha, que escutar os outros, também aqueles que pensam diferente, que a diversidade nos enriquece, nos ajuda a alargar a tenda, a alargar o horizonte, a alargar as miras, muitas vezes centradas em nós mesmos, nos esquecendo a importância de Deus e dos outros como instrumento de crescimento.
Um ano para refletir sobre nossa vocação, uma vocação que nasce do Batismo e que se concretiza de diferentes modos, entendendo que todas as vocações são igualmente importantes, ainda mais em uma Igreja que se empenha em caminhar juntos, em escutar, em discernir o caminho a seguir em comunidade.
A missionariedade esteve muito presente em nossa Igreja no último ano, que iniciou com a experiência Pés a Caminho, com a presença de mais de três centos seminaristas, acompanhados por alguns jovens, que conheceram a realidade da Igreja da Amazônia e descobriram a importância de viver sua vocação em função da missão, se formando para estar ao serviço da Igreja que envia em missão.
Já no final do ano, o 5º Congresso Missionário Nacional juntou em Manaus mais de 800 pessoas, que refletiram sobre a Missão ad Gentes, sobre a necessidade de estarmos ao serviço da Igreja Universal, da Igreja do mundo todo. O convite de Jesus aos seus discípulos, a quem Ele envia até os confins do mundo, continua presente hoje em nossa Igreja e representa um desafio para nos ficarmos em nossas zonas de conforto.
A Igreja de Manaus recebeu mais dois bispos auxiliares em 2023, Dom Zenildo Lima, ordenado em 15 de novembro na clausura do 5º Congresso Missionário Nacional´, e Monsenhor Hudson Ribeiro, que será ordenado no dia 02 de fevereiro de 2024. Dois padres nascidos e formados na Amazônia a quem a Igreja pede um novo serviço, que eles assumam uma nova missão.
Olhemos com esperança o ano que está por vir e continuemos construindo uma sociedade mais justa, um mundo melhor para todos e todas, especialmente para os mais pobres e vulneráveis, e uma Igreja que se torna presença de vida nas periferias do mundo, onde habitam os descartados de nossa sociedade. Feliz Ano Novo.
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*Missionário espanhol e assessor de comunicação do Regional Norte 1 da CNBB